Vitrine da Sonia: Homenagem ao Mestre Ditão

Ao lado de Adilson Ribeiro, o Mestre Ditão, eu fui uma das primeiras Rainhas do Carnaval Capixaba.

Era conhecida como “Soninha toda pura", apelido dado pelo Adilson Ribeiro, o Mestre Ditão. Na época, com apenas alguns gatos pingados, era só um pequeno bloco. Hoje é a Escola de Jucutuquara. No ano em que o termo "tropicalismo" invadia o Brasil, e eu na minha adolescência com 9 anos, já brilhava como rainha de bateria da GRES Unidos de Jucutuquara, em Vitória/ES.

Então Abdiquei do trono para me casar.

Quando eu era menina, era toda vaidosa, prosa que só eu, era a que mais sambava. E o Mestre Ditão sempre ao meu lado, em meio de purpurinas e plumas foi aumentando o número de pessoas e eu, sempre lá, como Rainha de Bateria. Foram 20 anos de majestade. Durante este tempo eu vi a minha escola ganhar. Mestre Ditão, um ser humano alegre, sorridente, irreverente, humilde, pai, amigo, não vai sair da memória. Que Deus dê a cada um da família Jucutuquara, conforto para suportar mais essa dor. Vai em paz amigo Ditão ao encontro do Senhor acompanhado pelos anjos.

O Bloco Unidos de Jucutuquara foi fundado por ele em 29 de janeiro de 1972. No início os integrantes saíam só de tamanco. Detalhe: eram só homens. Depois a fantasia oficial passou a ser de pescador. Com o crescimento do bloco foram surgindo outras fantasias e as mulheres adquiriram o direito de participar. Nos anos 80 a Jucutuquara começou a participar dos concursos promovidos pela Prefeitura de Vitória, sendo campeã por 5 anos seguidos. Em 1986, o Bloco virou a Escola de Samba Unidos de Jucutuquara. Quanta honra!

Poisé.

É difícil encontrar palavras neste momento de tanta dor. E não se trata apenas de carnaval, de escola de samba, de desfile. Hoje a Nação se despede de um exemplo de ser humano. Alegre, de muita irreverencia e humildade, foi um amigo e um pai para todo mundo. Ditão não vai sair da memória da Escola de Samba Unidos de Jucutuquara.

O Mestre era apaixonado por samba. “Gente bamba”, filho de D. Maria Coroa, comemorava 43 anos de escola agora em 2015. Venceu vários carnavais à frente da bateria. Um legado e uma trajetória que fazem parte da história do samba capixaba. A Unidos de Jucutuquara e o Samba Capixaba estão de luto.

Infelizmente não veremos Ditão na avenida este ano. Mas, sabemos que na transição ele deve estar sorrindo e cantando seu amor pelo carnaval com Xavier, Dona Leida, Nego Deco, Chaleira e tantos outros corujas que já partiram, deixando muita saudade. Tantos bambas que se foram, mas que sempre estarão com a Nação em espírito.

Hoje, a bateria silencia e a cuíca ecoa seu som choroso. Mas eu tenho a certeza de que não era assim que Ditão gostava de ver os ritmistas. Quem não se lembra do mestre passando a mão no ombro ou tirando a camisa no meio do ensaio? Ele explodia de felicidade e contagiava todo mundo.

Então, no sábado (07/02), vamos pisar na avenida com garra e muito amor em homenagem ao nosso presidente Adilson Ribeiro. Vamos honrar o trabalho do Ditão e contagiar o Sambão do Povo com a mesma alegria que ele sempre nos contagiou.

Paixão, emoção, vibração. Essa é a rima do Ditão.

Homem de magia que a todos contagia.

Pessoa ímpar, sem igual, e que agora vai ecoar em um lugar com outros mestres.

O samba não morreu.

Ditão ficou com Deus.

E a luz não se apagou.

Agora brilhou, e Eternizou!

Adeus meu amigo.

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Vai com Deus mestre Ditão.
Você que me ensinou durante anos a ser uma Rainha de Sucesso.
Adorava que vc me chamava de Soninha toda pura. quando você dizia " Vem Soninha a bateria está só te esperando.
Passamos anos de nossas vidas juntos, mandando ver, porque você confiava em mim e sabia que eu dava conta.
Eramos felizes e não sabíamos quantas alegrias vivemos juntos meu mestre, a gente achava graça de tudo, até o pão era dividido, contava horas para começar os ensaios, no inicio quanto eramos ainda um grupo. era a minha escol e nunca mais desfilei em nenhuma outra. Somente na Jucutuquara.